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Alberto Siebra - Ladeado pelos netos Letícia e Pedro Augusto |
Faleceu hoje, um amigo do povo de Várzea Alegre. A cidade
perdeu um pouco da sua alegria. Leônidas Siebra Leite, mais conhecido por Alberto
Siebra, nos deixou nesta sexta-feira, 25 de outubro de 2013, por volta das 08h30,
aos 69 anos, vítima de infecção generalizada, no hospital Regional do Cariri, em Juazeiro do Norte, onde estava internado há mais de uma semana.
Durante mais de 50 anos, Alberto Siebra manteve a Casa Zé
Augusto - um bar no Calçadão, hoje conhecido como Pólo de lazer Antônio Alves
Costa. O comércio no Calçadão era uma herança deixada pelos seus pais, José
Augusto Leite e Zulmira Siebra Leite. Ele dizia com orgulho que tinha nascido
naquele recinto.
O tempo, que a tudo muda, levou a beleza do Calçadão, que
embora reformado, perdeu o status de “ponto de encontro do povo varzealegrense”.
Isso era motivo de tristeza para ele. Mas, Alberto era mutável, adaptável. Foi
assim que ele dividiu o seu comércio, se tornou agente imobiliário, construindo
e alugando espaços da área que resolvera dividir. Manteve a sua paixão, ou
seja, um pequeno bar, que batizou de “Quarto Minguante”, onde recebia os amigos
para prosear.
Ele imprimiu uma característica muito forte em seu
bar, que também denotava a devoção à sua religião, o catolicismo, ao abrir e
fechar o seu estabelecimento com a música “Oração de São Francisco”, de
preferência, na voz do cantor cearense, Raimundo Fagner.
Alberto também presenciou muitas despedidas, muitas chegadas, pois que, por décadas trabalhou como agente de vendas de passagens das empresas
Varzealegrense e Itapemirim. Costumava brincar com os que partiam e com os que
chegavam. Ele botava para tocar no seu bar, músicas dedicadas aos viajantes, e
ria do chororô das despedidas.
Alberto Siebra era casado com Maria Luzinete Leite. Formou
com a esposa uma dupla formidável. Construiu uma família feliz, que herdou do
casal todas as características, destacando-se o bom humor. A saudade da esposa
Luzinete, das filhas Luana, Liana e Lidiane, dos queridos genros, o músico Júnior
Souza e o contabilista Ibanês Rolim, e dos netos Pedro Augusto e Letícia, será
sem tamanho. Alberto era um chefe de família querido, amado. Uma coluna que
suportou todos os solavancos da vida, como o acidente que deixou a filha Luana
em uma cadeira de rodas. Ele sempre alimentou esperanças na recuperação da filha e
comemorava com alegria, juntamente com a esposa, cada progresso em sua
reabilitação. Ele era amável com os amigos. Costumava brincar, mas
também dava conselhos. Era, como dizia: Um polivalente.
Há uns 18 anos, Alberto passou mal e deu um grande susto em
todos. Mas, com o tratamento que fazia e orientado a um regime forte para combater
a obesidade e manter o peso, se recuperou. Voltou a viver com alegria, embora
reclamasse das “folhas dos pratos”. Dizia que se tornara uma camaleão. Mas, ia
bem.
Realizou o seu sonho e comprou uma “casinha branca”, numa
localidade rural, próximo da sede do município. Para descrever o seu desejo,
costumava cantarolar a música “casinha Branca” – de Renato Teixeira. No lugar
que logo batizou de “Mata Fresca”, pela brisa suave que descia dos baixios, costumava descansar nos fins de semana e
feriados. Era só felicidade quando um amigo adentrava na sua propriedade. Mas,
o tempo corrido de todos, foi fazendo com que Alberto deixasse um pouco
de lado o seu sítio, propriedade que ele se desfez há pouco tempo.
Flamenguista inveterado, fazia do seu time, não apenas uma
paixão, mas também uma marca pessoal e do seu bar. Era costume tirar sarro dos
amigos quando o seu time triunfava. Mas, era lá que os oponentes do Flamengo, especialmente
os vascaínos, se reuniam para chateá-lo quando o time perdia. Mesmo nas
derrotas do Flamengo, não se entregava, se mostrava valente, relacionando aos
torcedores opositores, a coleção de conquistas do seu “Rubro Negro”.
Alberto Siebra era um irreverente. Uma criança grande. Se
divertia com tudo e brincava com todos. Fez parte ativa da vida festiva Várzea
Alegre, especialmente do carnaval, tendo participado desde os primeiros anos de
fundação, da ESURD – Escola de Samba Unidos do Roçado de Dentro. Como no
carnaval tinha que trabalhar no bar, tirava as madrugadas das quartas-feiras de
cinza para fazer a sua festa com os seus garçons e também com todos os que
trabalhavam no período carnavalesco. Fundou blocos como Acorda, Caganeira e
lixão. Mas, o que mais ganhou notoriedade foi o Bloco da Narcisa, que inclusive
era sua vizinha. Narcisa era dada ao álcool e muito divertida. Alberto a
popularizou com o bloco.
Mas, esse homem irreverente. Essa criança que não quis
crescer, também teve papel relevante na vida social da cidade, participando de
várias diretorias do Creva – Clube Recreativo de Várzea Alegre e do Lions Clube.
Sua atuação social contribuiu muito para o progresso de Várzea Alegre. Alberto
vai e deixa um espaço que não será preenchido. Isso só acontece com os grandes
homens. Ele era uma dessas pessoas que construiu a sua vida sem malícia:
simplesmente viveu. Amigo, que Deus o receba com a mesma alegria que emprestaste
à vida.
Marcos Filho