sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Faleceu Alberto Siebra - Perdemos um pouco da nossa alegria.

Alberto Siebra - Ladeado pelos netos Letícia e Pedro Augusto
Faleceu hoje, um amigo do povo de Várzea Alegre. A cidade perdeu um pouco da sua alegria. Leônidas Siebra Leite, mais conhecido por Alberto Siebra, nos deixou nesta sexta-feira, 25 de outubro de 2013, por volta das 08h30, aos 69 anos, vítima de infecção generalizada, no hospital Regional do Cariri, em Juazeiro do Norte, onde estava internado há mais de uma semana.

Durante mais de 50 anos, Alberto Siebra manteve a Casa Zé Augusto - um bar no Calçadão, hoje conhecido como Pólo de lazer Antônio Alves Costa. O comércio no Calçadão era uma herança deixada pelos seus pais, José Augusto Leite e Zulmira Siebra Leite. Ele dizia com orgulho que tinha nascido naquele recinto.

O tempo, que a tudo muda, levou a beleza do Calçadão, que embora reformado, perdeu o status de “ponto de encontro do povo varzealegrense”. Isso era motivo de tristeza para ele. Mas, Alberto era mutável, adaptável. Foi assim que ele dividiu o seu comércio, se tornou agente imobiliário, construindo e alugando espaços da área que resolvera dividir. Manteve a sua paixão, ou seja, um pequeno bar, que batizou de “Quarto Minguante”, onde recebia os amigos para prosear.

Ele imprimiu uma característica muito forte em seu bar, que também denotava a devoção à sua religião, o catolicismo, ao abrir e fechar o seu estabelecimento com a música “Oração de São Francisco”, de preferência, na voz do cantor cearense, Raimundo Fagner.

Alberto também presenciou muitas despedidas, muitas chegadas, pois que, por décadas trabalhou como agente de vendas de passagens das empresas Varzealegrense e Itapemirim. Costumava brincar com os que partiam e com os que chegavam. Ele botava para tocar no seu bar, músicas dedicadas aos viajantes, e ria do chororô das despedidas.

Alberto Siebra era casado com Maria Luzinete Leite. Formou com a esposa uma dupla formidável. Construiu uma família feliz, que herdou do casal todas as características, destacando-se o bom humor. A saudade da esposa Luzinete, das filhas Luana, Liana e Lidiane, dos queridos genros, o músico Júnior Souza e o contabilista Ibanês Rolim, e dos netos Pedro Augusto e Letícia, será sem tamanho. Alberto era um chefe de família querido, amado. Uma coluna que suportou todos os solavancos da vida, como o acidente que deixou a filha Luana em uma cadeira de rodas. Ele sempre alimentou esperanças na recuperação da filha e comemorava com alegria, juntamente com a esposa, cada progresso em sua reabilitação. Ele era amável com os amigos. Costumava brincar, mas também dava conselhos. Era, como dizia: Um polivalente.

Há uns 18 anos, Alberto passou mal e deu um grande susto em todos. Mas, com o tratamento que fazia e orientado a um regime forte para combater a obesidade e manter o peso, se recuperou. Voltou a viver com alegria, embora reclamasse das “folhas dos pratos”. Dizia que se tornara uma camaleão. Mas, ia bem.

Realizou o seu sonho e comprou uma “casinha branca”, numa localidade rural, próximo da sede do município. Para descrever o seu desejo, costumava cantarolar a música “casinha Branca” – de Renato Teixeira. No lugar que logo batizou de “Mata Fresca”, pela brisa suave que descia dos baixios, costumava descansar nos fins de semana e feriados. Era só felicidade quando um amigo adentrava na sua propriedade. Mas, o tempo corrido de todos, foi fazendo com que Alberto deixasse um pouco de lado o seu sítio, propriedade que ele se desfez há pouco tempo.

Flamenguista inveterado, fazia do seu time, não apenas uma paixão, mas também uma marca pessoal e do seu bar. Era costume tirar sarro dos amigos quando o seu time triunfava. Mas, era lá que os oponentes do Flamengo, especialmente os vascaínos, se reuniam para chateá-lo quando o time perdia. Mesmo nas derrotas do Flamengo, não se entregava, se mostrava valente, relacionando aos torcedores opositores, a coleção de conquistas do seu “Rubro Negro”.

Alberto Siebra era um irreverente. Uma criança grande. Se divertia com tudo e brincava com todos. Fez parte ativa da vida festiva Várzea Alegre, especialmente do carnaval, tendo participado desde os primeiros anos de fundação, da ESURD – Escola de Samba Unidos do Roçado de Dentro. Como no carnaval tinha que trabalhar no bar, tirava as madrugadas das quartas-feiras de cinza para fazer a sua festa com os seus garçons e também com todos os que trabalhavam no período carnavalesco. Fundou blocos como Acorda, Caganeira e lixão. Mas, o que mais ganhou notoriedade foi o Bloco da Narcisa, que inclusive era sua vizinha. Narcisa era dada ao álcool e muito divertida. Alberto a popularizou com o bloco.

Mas, esse homem irreverente. Essa criança que não quis crescer, também teve papel relevante na vida social da cidade, participando de várias diretorias do Creva – Clube Recreativo de Várzea Alegre e do Lions Clube. Sua atuação social contribuiu muito para o progresso de Várzea Alegre. Alberto vai e deixa um espaço que não será preenchido. Isso só acontece com os grandes homens. Ele era uma dessas pessoas que construiu a sua vida sem malícia: simplesmente viveu. Amigo, que Deus o receba com a mesma alegria que emprestaste à vida.

Marcos Filho



7 comentários:

  1. postei esse texto com seus devidos créditos no meu blog

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    1. Ok, amigo. Fiz o texto um pouco às pressas. Tive que corrigir alguns pontos. Se puder republicá-lo, agradeço.

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  2. Excelente texto e inefável homenagem! Obrigado, amigo. Sou sobrinho dele e fiquei mui agradecido com suas palavras, Ele foi, sim, tudo isso que você escreveu. Um homem de e do bem! Abraços!

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    1. Caro poeta, Alberto foi um dos melhores homens que já conheci. A homenagem é um reconhecimento a essa grande pessoa. Obrigado e um abraço.

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  3. Muita saudade de um amigo. Aquele que, fazia suas brincadeiras e sempre confiante na sua veia humorista. Que Deus o tenha em seu REINO.

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  4. quem não gosta do Alberto não é varzealegrense

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  5. Prezado Marcos Filho, belas palavras. Postamos no nosso site com seus devidos créditos.

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