sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Cuidado com o cavalo chucro

Já falamos aqui, em outra oportunidade, da situação de miséria financeira na qual se encontram mergulhadas as prefeituras do Brasil.

A grande maioria das prefeituras segue o mesmo calvário de muitos dos estados, de situações sofríveis, amargando os resultados da recessão, com a indústria parada ou engessada e uma nação de doze milhões de desempregados.

Notícia boa mesmo só a entrada de recursos, advindos de impostos sobre valores financeiros aplicados fora do Brasil e não declarados até então à Receita Federal, somando mais de R$ 50 bilhões. Esse dinheiro está como remédio que alivia a dor de dente, mas diz que se não for ao dentista, logo retornará.

Fruto dessa repatriação, cabe ao município de Várzea Alegre, a soma de R$ 1.545.950,80 (um milhão quinhentos e quarenta e cinco mil novecentos e cinquenta reais e oitenta centavos). Parece muito mais não é. Isso porque as contas da prefeitura não fecham há muito tempo. A notícia é boa, mas, é como falamos, alivia, mas não cessa a crise.

Dentro da esfera administrativa, o governo do prefeito Vanderlei Freire, foi duramente castigado por essa crise financeira e teve seu desenvolvimento comprometido. Foi um desafio desleal com a gestão que não conseguiu andar, embora os esforços.

Essa crise, segue seu ritmo como um cavalo chucro e desembestado. Não vai parar agora, e talvez esteja ainda pior para o próximo ano. Uma tarefa desafiadora para o prefeito eleito, Zé Helder.

O cavalo chucro da crise vem atropelando e é bom que os futuros prefeitos já comecem a fazer o dever de casa, preparando o terreno para cercar a crise e suportar os coices.

Medidas de contenção como enxugamento de despesas e das estruturas do governo são urgentemente os primeiros passos a serem adotados pelos gestores a partir de 2017.

Nos voltando para Várzea Alegre, nossa terra que queremos bem e a desejamos bem estruturada e com desenvolvimento, recomenda-se a diminuição do número de secretarias e extinção das subsecretarias. Acho absurdo essas subsecretarias numa cidade tão pequena ainda. Hoje a prefeitura conta com onze secretarias, e logicamente, com onze subsecretarias. Então, essas secretarias, que foram recém-criadas, podem passar por um processo de fusão, extinção ou serem transformadas em departamentos. Exemplo: à secretaria de Educação pode muito bem ser agregada a secretaria de Esportes como departamento.

A secretaria de Cultura e Turismo, que mais serve para a realização de eventos do que à pesquisa e valorização da cultura, também pode vir a ser braço da secretaria de Educação. Ainda tem a secretaria de Meio Ambiente, que também poderá ser transformada em departamento ou passar por fusão com outra secretaria cuja pasta tenha afinidade.

Outras medidas no contexto de achatamento da estrutura organizacional, num processo de downsizing, é o caso de muitas funções, departamentos e cargos de confiança, que podem ser extintos.

Outro ponto crucial para evitar gastos públicos e direcionar investimentos ao que realmente é necessário é não realizar o calendário de festas populares em sua totalidade. Várzea Alegre tem no seu calendário cultural cinco festas enormes – Carnaval, Festa de Agosto, Festa do Município, Festival de Quadrilhas Juninas e de Fim de Ano.

O futuro governo, deve preservar os eventos mais culturais, como no Carnaval o apoio às escolas de samba, realizar um festival junino mais à moda da casa, seguindo o mesmo roteiro para o aniversário da cidade e festividades de fim de ano. Inclusive, o grande Carnaval de Várzea Alegre, aquele que é realizado em praça pública, deve acontecer em parceria com a iniciativa privada e no caso de querer manter outras datas com festas de maior representatividade, a saída deve ser firmar parceria com a iniciativa privada. Não há dinheiro nos cofres públicos que permita a extravagância da realização de festas enquanto o povo sofre por falta de serviços essenciais.

A prioridade do futuro governo, na realidade, deve ser o servidor público e sua valorização, investimentos para o bom funcionamento da educação, saúde, segurança pública, agricultura e infraestrutura.

Outro caminho é se esmerar para encontrar formas de gerar emprego e renda na cidade, por suas diversas fontes. O desafio não é pequeno, mas é possível superar a crise agindo com racionalidade e criatividade. Cuidado com o cavalo chucro.

Marcos Filho

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