Em uma de suas passagens por São Paulo, Jim Collins, que é autor do livro “Empresas feitas para vencer” e também é considerado um dos maiores especialistas em gestão, ao falar sobre o sucesso disse que “não há nada que prove que os vencedores têm mais sorte que as outras pessoas; entretanto, há uma evidência: todos os vencedores pensam que são pessoas de sorte.”
Foi-se o tempo em que o brasileiro sofria da chamada síndrome de vira-latas por “voluntariamente colocar-se em posição de inferioridade perante o restante do mundo”, como bem descreveu às vésperas da Copa do Mundo de 1958 o imortal escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues. Felizmente, graças ao sucesso obtido no exterior tanto pelas empresas como principalmente por vários brasileiros nos mais diversos ramos de atividade, as coisas mudaram e a autoestima aumentou consideravelmente nos últimos anos.
Entretanto, se por um lado isto é uma boa notícia, por outro
lado o acirramento da competição em todos os níveis da sociedade e o
nivelamento das chamadas competências individuais estão potencializando esta
sensação de que o sucesso do outro só aconteceu por pura sorte. Afinal de
contas, se todos começam a se achar melhores do que realmente são e acham que
estão mais preparados do que de fato estão, por que é que o fulano conseguiu
chegar lá e o beltrano não? A resposta simplista (e até certo ponto egoísta) do
fulano que conseguiu, até mesmo para não divulgar o segredo do seu sucesso e
assim deixar os que não conseguiram de certa forma acomodados, é: sorte.
E a resposta óbvia e conformista dos que insistem em tapar o sol
com a peneira porque não conseguiram também será a mesma: sorte. Desta forma,
cria-se uma geração de “míopes injustiçados” que prefere transferir a
responsabilidade do seu não-sucesso para o outro quando, na verdade, ao pensar
e ao agir desta forma, ela acabará tornando-se a única responsável por manter
esta barreira que a impedirá de progredir.
Não é porque um fulano possui um MBA que se o beltrano fizer o
mesmo MBA isto garantirá que o beltrano se tornará melhor do que o fulano. A
diferença se tornará visível em como cada um utilizará o arcabouço teórico
recebido para fazer as coisas acontecerem no dia-a-dia, em como cada um
perceberá o contexto situacional e os possíveis impactos do e no seu negócio de
forma macro para tomar ações que gerem resultados positivos no micro, ou ainda,
o quanto cada um realmente se dedicará no chamado tempo livre para treinar,
aprender e estudar coisas novas de forma a aprimorar cada vez mais o seu valor
como indivíduo e aprimorar suas competências pessoais.
Entretanto, tudo isto se tornará insignificante se a principal
questão não for respondida: o que a pessoa se propõe a fazer faz sentido como
desafio ou ideal de vida ou ela ali está apenas para “cumprir tabela”? Se a
resposta for “cumprir tabela”, ela terá grandes chances de passar o resto da
vida pulando de galho em galho e reclamando da sorte que nunca chega; mas se a
resposta for o desafio ou o ideal, mesmo com todos os percalços que certamente
aparecerão pelo caminho, ela não só viverá de forma muito mais feliz, como
invariavelmente alcançará todos os seus objetivos e se achará a pessoa mais
sortuda do mundo.
Fonte: Administradores.com
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