E só depois verás

Depois, no final das contas, você verá

que quem foi fiel foi aquele que teve
a coragem de te falar a verdade,
sem máscaras, sem medo.

Você verá que muitos dos que caminhavam contigo
tinham apenas um propósito: se darem bem
usando teu nome, tua força, tua garra
tua coragem.

Verás que a batalha é injusta e sempre
foi injusta, desigual, desleal. Perceberás
que as vozes altas não falavam mais altas
que os cochichos de pé de ouvido.

Verás que terás que perdoar alguns dos teus soldados,
pois igual a ti foram atraídos pelo canto da sereia.
Verás que nem sempre, ou quase nunca, a emoção pode
ser mais valorizada do que a razão.

Notarás que de tão envolvido pelos outros
o caminho não foi feito, estavam as matas e os espinhos.
Perceberás, com o tempo, que precisas voltar,
que tem que rafazer o caminho.

E então, e só neste momento, reconhecerás que foi verdadeiro
quem te falou a verdade, quem não teve medo de te magoar.
Verás que teus amigos verdadeiros te apontavam a estrada e não
as veredas carregadas de espinhos.

Mas, também verás, que nunca é tarde para recomeçar
e que retomar o caminho é lembrar do velho amigo,
que esquecido foi por causa de tuas ilusões
e das palavras pervesas dos teus guias.

Mas, volta, refaz o caminho.
Olha para trás e verás que um amigo não tem mágoas,
mas braços e coração bem abertos para te receber.
Verás que não haverá cobranças, mas alegria e compreensão.

Marcos Filho