Seis anos depois do lançamento do iPhone, indústria dá novo salto tecnológico com aparelhos que apresentam alternativas aos comandos por toque na tela.
Juliana Tiraboschi
Quando lançou o iPhone, em 2007, a Apple
deu corpo a uma revolução que mudou a maneira de interagir com os
celulares. Em vez de apertar botões, deslizar os dedos pela tela
tornou-se o padrão. A empresa não foi a primeira a lançar um smartphone
com essa tecnologia, mas acabou sendo quem a popularizou. Foram precisos
seis anos e muitas tentativas e erros para que a indústria desse o
salto que transforma o touchscreen em peça de museu. Nos próximos anos, o
mais comum vai ser controlar o aparelho com o gesto, o olhar, a voz e
até a força do pensamento.
A Samsung colocou um pé nesse cenário ao lançar, em março, a nova
versão do Galaxy S4. Nele é possível rolar a tela com o olhar e aceitar
uma chamada “acenando” sobre a tela. Para Almir Alves, coordenador dos
cursos de engenharia da computação e da produção na Faculdade de
Tecnologia da Informação (Fiap), em São Paulo, essas novidades não são
apenas cosméticas. “Quando muda a forma de interagir com um dispositivo,
há uma transformação de paradigmas, e os concorrentes têm de correr
atrás”, diz. Além disso, essas inovações modificam a maneira como o
mercado se relaciona com nossos hábitos. “Na medida em que a tecnologia
de rastreamento do olhar for incorporada a novas funções, a coleta de
dados sobre a direção para onde o usuário mira na tela será usada para a
exibição de anúncios”, diz Michael Morgan, analista sênior da empresa
de consultoria em tecnologia ABI Research. Sim, o consumidor ganhou em
conteúdo, mas perdeu em privacidade.
Apesar do salto tecnológico, especialistas consideram que essas
novidades são mais uma evolução do que uma revolução. “A interface de
toque ajudou a transformar o celular em uma tela. Mas, seja navegando
com os dedos, seja com o olhar, a premissa é a mesma”, afirma Nick
Puckett, professor de iniciativas digitais futuras da Universidade Ocad,
no Canadá. Para ele, o verdadeiro pulo do gato virá com mudanças mais
profundas. “Uma área de pesquisa que tem um potencial incrível é a
interface entre o cérebro e os dispositivos”, diz. Ou seja, o controle
do celular pela mente. Na avaliação dele, quando essa tecnologia – que
já existe – estiver disseminada, o celular deixará de ser um aparelho
que se controla para tornar-se uma extensão do próprio usuário. Puckett
afirma que o futuro do smartphone é se tornar um “hub” de redes. Hoje o
celular funciona como um dispositivo isolado. Mas isso já está mudando,
na medida em que aumenta a quantidade de gadgets inteligentes inseridos
nos ambientes. Assim, já é possível usar o smartphone para controlar a
tevê e abrir a porta de casa.
Fonte: Isto é
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