quinta-feira, 13 de junho de 2013

Após oitenta e três anos, Usina Diniz é demolida

A cidade de Várzea Alegre, no seu crescimento avassalador, principalmente na área imobiliária, muda o seu cenário. Das casas simples do tempo em que o lugar era apenas uma vila e a igreja era o maior prédio erguido, aos vários prédios que rumam na vertical. Casas bem desenhadas como o famoso “Casarão Amarelo”, dão lugar a modernas edificações.
E neste cenário de modernas construções, não há lugar para o antigo.
A Usina Diniz foi uma das empresas impulsionadoras do progresso de Várzea Alegre. Passados oitenta e três anos, a velha Usina Diniz, que já foi chão em ebulição com dezenas de funcionários que alimentavam suas máquinas com o precioso algodão, o ouro branco do nordeste, sente agora as pancadas dos martelos, como carrascos, a derrubar suas paredes, tijolo por tijolo.
Embora entendamos que o novo sempre se sobreponha ao antigo, não há como não sentir certa nostalgia ao ver aquele prédio sendo demolido, caindo aos poucos, como se parte da história de Várzea Alegre estivesse sendo enterrada.
materia2A história da Usina Diniz começou na década de 1930, com o empresário Josué Alves Diniz. O empreendimento iniciou pequeno, como nos contou sua neta, Dayse Diniz. Era movida à lenha, depois à óleo de mamona. O empreendimento era um sucesso e pela necessidade de estocar mais e mais algodão, as casas da vizinhança foram compradas e logo a Usina se tornou um imponente prédio, na entrada da cidade.
O sucesso do negócio lançou Josué Diniz na prefeitura da cidade, cargo que usou para alimentar o progresso de Várzea Alegre e batalhar pela chegada da energia de Paulo Afonso, que também seria mais um passo para o desenvolvimento da Usina Diniz. Com sua força e prestígio político, a energia elétrica foi inaugurada em Várzea Alegre em 1964.
A Usina Diniz teve o seu auge de 1950 a 1970. Mas não reinava sozinha no ramo de beneficiamento de algodão. Eram concorrentes as usinas de Luiz Proto e “Seu Abel” – que funcionava no bairro Betânia, a de Antônio Correia -que funcionava na Praça Santo Antônio e a de “Seu Dirceu” – que operava na Rua Cel. Pimpim. Embora a concorrência, a Usina Diniz foi a única que permaneceu firme, tendo um sólido quadro de acionistas e sendo tocada por Josué Diniz e pelos seus filhos Joaquim Diniz e Luiz Diniz. Joaquim Diniz, por sinal, foi o responsável por apresentar o algodão beneficiado pela Usina Diniz para Campina Grande, na Paraíba, depois expandindo as vendas para a região Sul do Brasil e para o exterior, com negócios no Japão, Alemanha e Inglaterra.
Com o falecimento de Josué Diniz, em 1976, vítima de câncer de próstata, a Usina Diniz continuou em atividade sob a responsabilidade de Joaquim Diniz e Luiz Diniz. Eles compravam algodão de todas as cidades da região. A Usina era um grande polo beneficiador do produto.
Mas, o negócio do algodão começou a fracassar, quando na década de 1980, a praga do bicudo dizimava plantações inteiras na região. Era o fim da produção de algodão em grande escala e o definhamento da Usina Diniz.
No ano de 1996, Luiz Diniz faleceu e Joaquim Diniz continuou com o negócio, que já não tinha fôlego. E quando tudo parou, os equipamentos da Usina foram vendidos para uma empresa de Natal, no Rio Grande do Norte. Joaquim Diniz manteve um escritório ligado à Usina até o ano de 2006, quando faleceu de câncer de pulmão.
A última tentativa da Família Diniz para manter preservado o prédio da Usina foi uma negociação com o Poder Público Municipal, mas não houve êxito. O prédio chegou a ser oferecido a grandes empresários da cidade e da região, mas também não houve negociação, dada à privilegiada localização e lógica valorização da área. Então, a Família Diniz decidiu por demolir o prédio, e no local, fazer um loteamento imobiliário.

Fotos: Erisberto Martins – Colaboração: Evanildo Sousa – Fonte: Dayse Diniz

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