terça-feira, 14 de julho de 2015

Construção civil desacelera e eleva total de demissões

A construção civil foi um dos setores da economia que mais registrou fechamento de postos de trabalho no trimestre do ano encerrado em maio, com um total de 636 mil empregos formais (com carteira assinada). O desaquecimento da economia brasileira, a elevação dos custos do setor e a redução na procura por imóveis novos – principalmente devido à elevação dos juros para o financiamento da casa própria –, aliados à redução das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Minha Casa, Minha Vida (MCMV), de infraestrutura e, também, da iniciativa privada (edifícios residenciais e comerciais), seriam os principais motivos que levaram a esta demissão em massa de operários do setor.
Os resultados negativos mais expressivos – de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE) – foram registrados nas regiões Sul e Sudeste. Já no que diz respeito às regiões Norte e Nordeste os impactos foram menores, pois em ambas existem grandes obras de infraestrutura que continuam sendo executadas, como as construções das usinas hidrelétricas de Belo Monte e Girau, no Norte; e a transposição das águas do São Francisco e a Ferrovia Transnordestina, no Nordeste. Estes empreendimentos utilizam um grande número de operários, tendo em vista serem de grande porte.

Confirmação
E esta situação foi confirmada pelos sindicatos laborais que realizam atividades de construção no Estado do Ceará (STICCRMF e Sintepav-CE), uma vez que conforme seus levantamentos, o Ceará não tem enfrentado casos de demissão de massa. As duas entidades realizam o acompanhamento dos canteiros de obras existentes em território cearense, além de realizarem as homologações de demissões de operários do ramo da construção civil. Segundo seus representantes, os casos registrados estão dentro da normalidade para uma categoria que emprega milhares de pessoas (veja box).
Apesar disso, o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Ceará (Sinduscon-CE), engenheiro André Montenegro, tem havido alguns volumes maiores de demissões em setores específicos, principalmente nas obras do Minha Casa, Minha Vida. “As demissões estão acontecendo no Estado, mas são setoriais, em especial nos canteiros de obras do MCMV. Entretanto, acredito que este volume deverá aumentar nos próximos meses deste ano, assim como em 2016. Afinal, não estão acontecendo muitos lançamentos por parte das construtoras, e se não ocorrerem novas obras, certamente acontecerá um número maior de dispensas”, destacou Montenegro.
Ele ressaltou, ainda, que por ser uma categoria bastante numerosa (dos operários), que costumam realizar uma grande rotatividade entre os canteiros de obras, fica muito complicado para o nosso sindicato ter um levantamento detalhado com relação às demissões no Estado. “São milhares de trabalhadores em nosso setor e, portanto, não temos como realizar um monitoramento do total de operários que são admitidos e demitidos todos os meses”, completou o presidente do Sinduscon-CE.
Sindicatos laborais minimizam situação
A diretora de fiscalização do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Geral no Estado do Ceará (Sintepav-CE), Marta Menezes, dois dos três subsetores da construção apresentaram resultados positivos até maio último. Segundo ela, o serviço especializado para construção finalizou o período com saldo de 643 contratações, enquanto o de infraestrutura ficou com 144 admissões a mais do que demissões. “Hoje, temos muitas obras de grande porte em andamento no Estado, como a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), Ferrovia Transnordestina, transposição do Rio São Francisco, dentre outras, mas em nenhuma delas foi detectado um volume grande de demissões”, disse.
RMF
Já para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil da Região Metropolitana de Fortaleza (STICCRMF), Geraldo Magela, no Estado, principalmente na RMF, existe uma situação diferenciada em relação ao restante do País. “Do início do ano para cá, existiram alguns cortes nas obras do Minha Casa, Minha Vida e outras reduziram os números de trabalhadores. Mas, com relação às construtoras tradicionais, não temos visto grandes mudanças. No ano passado, de janeiro a dezembro, passaram pelo sindicato 15 mil trabalhadores, para homologar suas demissões. Este ano, como estamos na metade, foram cerca de sete mil. Então, o desemprego no nosso Estado não está tão alarmante. Não temos bola de cristal para prever o futuro, mas como as empresas têm procurado operários, achamos que nosso mercado deverá se recuperar nos próximos meses”, ressaltou Magela.
Fonte: O Estado

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