sexta-feira, 27 de março de 2015

Capital de giro: um bem precioso e mal compreendido

Capital de giro é um tema já bastante abordado em muitos artigos e matérias que leio em diversos canais de comunicação, no entanto, por incrível que pareça, ainda é um tema que gera muitas dúvidas entre os empreendedores não só de MPE’s, mas também de empresas de médio porte, aos quais presto serviços de consultoria.
Primeiramente temos que entender quais contas de uma empresa são consideradas capital de giro, pois este não é apenas dinheiro puro e simples, porém tem haver com dinheiro. Vamos às explicações: Capital de giro, como o próprio nome diz, é um capital que gira na empresa. E por onde gira o capital em uma empresa, já que este constantemente entra e sai?
Logo acima citei que o capital de giro tem haver com dinheiro, então pensemos o seguinte: Sua empresa vende algo, e, caso seja um comércio, ela compra e revende uma mercadoria. Se for uma indústria ela compra matéria-prima, processa e vende um produto que fabricou. Se for uma prestadora de serviço, dependendo do ramo de atuação, terá que comprar materiais para utilizar na prestação do serviço.
 Então sua empresa pega o dinheiro que tem disponível e compra algo que necessita para as vendas, transformando o dinheiro em mercadoria, matéria-prima ou materiais. Ao vender o produto ou serviço, o dinheiro deixa de ser mercadoria e volta a ser dinheiro ok? Simples não é? Porém, para isto acontecer, a venda tem que ser realizada à vista e em dinheiro concorda?
E o que ocorre se a venda for a prazo? O dinheiro que se transformou em mercadoria, matéria-prima ou materiais agora se transforma em contas a receber, pois a empresa terá de aguardar até o prazo de pagamento da venda para que o dinheiro vire dinheiro novamente.
Acima foi descrito o giro do capital, ou seja, o caminho que seu dinheiro faz desde o momento em que se transforma em algo que se vende até voltar para a empresa.Percebe que o capital de sua empresa não se restringe a dinheiro vivo? Que o dinheiro vira mercadoria ou matéria-prima, depois ocorre a venda e, só depois, volta a ser dinheiro que você poderá utilizar para pagar suas contas?
Compreende agora que o capital de giro não é só dinheiro, que as mercadorias em estoque e as contas a receber também são capital de giro? O seu dinheiro vira mercadoria, que vai ser vendida, que volta a ser dinheiro após o prazo cedido ao cliente para o pagamento.
Porque então por vezes passamos por problemas de falta de dinheiro para pagar nossas contas? Isso é falta de capital de giro? Muitas vezes a falta de dinheiro está longe de ser falta de capital de giro, basta que olhe para seu estoque e para seu contas a receber para perceber que sua empresa pode ter muito capital de giro, só que este “dinheiro” está preso ou parado em forma de mercadoria no estoque ou nas mãos de seus clientes em forma de vendas a prazo a receber e não recebidas (fiado).
Quanto maior o prazo de pagamento cedido ao cliente, mais demora a voltar o dinheiro para sua empresa. Quanto mais quantidade de mercadorias você compra, mais demora a vender e a voltar o dinheiro para sua empresa, podendo então haver falta de dinheiro para pagamento das contas mensais.
Portanto, cuide muito bem da quantidade de produtos em estoque (evite excesso de mercadorias), do prazo de pagamento oferecido (quanto menor, melhor), das vendas fiado (estas podem nunca serem pagas pelo cliente) e, porque não, dos gastos com a estrutura de sua empresa, que são gastos os quais o dinheiro não volta.
Artigo escrito por: Antonio Roberto Freire Lamas. Graduado em Administração pela UFRN e pós-graduado com MBA em Administração Financeira pela FARN. Empresário no ramo de alimentação fora do lar em empresa familiar aberta em 1986. Presta serviço ao Sebrae como consultor, instrutor e conteudista nas áreas financeira, planejamento estratégico e empreendedorismo.
Fonte: Administrador.com.

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