quinta-feira, 11 de junho de 2015

TV Globo segue intocada por drama na crise brasileira

Carminha de Avenida BrasilS
São Paulo - A emissora de TV brasileira cujas telenovelas são vistas em 130 países se mostrou imune ao drama que atinge a maior economia da América Latina.
Globo Comunicação e Participações SA vendeu US$ 325 milhões em notas de 10 anos na segunda-feira, tornando-se a quarta empresa do Brasil a emitir bonds denominados em dólares neste ano. Com rendimento de 4,8 por cento, a empresa pagou menos em relação aos títulos do Tesouro dos EUA do que a média das empresas de comunicação com sede em países em desenvolvimento.
As telenovelas, que ajudaram a Globo a atrair cerca de 40 por cento da audiência de televisão do Brasil, renderam à empresa um fluxo constante de receita publicitária que a Moody’s Investors Service diz ser uma proteção aos solavancos econômicos do país.

O conteúdo da Globo é tão popular que o último capítulo da novela “Avenida Brasil”, em 2012, fez com que as companhias de energia elétrica se preparassem para possíveis quedas de fornecimento e levou a presidente Dilma Rousseff a adiar um comício político.
“É uma empresa muito sólida”, disse Alfredo Mordezki, chefe de renda fixa da América Latina do Santander Asset Management, de Londres, que comprou os bonds.
A Globo é uma das três únicas empresas locais classificadas acima do próprio Brasil pela Moody’s. Sua solvência a colocou em posição de destaque no mercado de bonds, que praticamente congelou após o surgimento do escândalo de corrupção na estatal Petrobras, em novembro.

Perspectiva econômica

A assessoria de imprensa da Globo não respondeu às mensagens enviadas por e-mail e telefone em busca de comentários sobre a venda de bonds.
A empresa, com sede no Rio de Janeiro, é classificada como Baa1 pela Moody’s, terceiro grau mais baixo de investimento e um nível acima do Brasil. Sua receita subiu 11 por cento para R$ 16,2 bilhões (US$ 5,2 bilhões) em 2014, quando a economia do Brasil teve uma expansão de apenas 0,1 por cento.
Pesquisa do Banco Central publicada na segunda-feira mostra que analistas estimam que a economia brasileira terá uma contração de 1,27 por cento neste ano, o que seria o recuo mais acentuado em 25 anos.
A maior emissora de televisão do país também terá receitas impulsionadas pelos Jogos Olímpicos, que o Brasil sediará no ano que vem, disse o analista da Moody’s Marcos Schmidt.
“As Olimpíadas de 2016 também deverão beneficiar a empresa com o aumento da demanda por anúncios e, com ele, dos preços”, disse ele, por telefone, de São Paulo. “A empresa é líder do mercado”.
A Globo, que já produziu mais de 300 telenovelas, nem sempre foi à prova de recessão. A companhia deu calote em seus bonds em 2002 em um momento em que a desvalorização da moeda do Brasil e a economia estagnada provocaram prejuízos e aumentaram o custo de dívidas em dólar.

"Muito sólido"

A empresa deixou essa história para trás, disse Cristina Schulman, superintendente-executiva para mercados de capitais de dívida do Santander Brasil, que ajudou a subscrever a venda dos bonds.
“É um grau de investimento muito sólido e tem sido assim por muito tempo”, disse ela, de São Paulo. “Os problemas que eles tiveram no passado nem sequer são mencionados nas conversas com investidores. Não fazem parte da conversa”.
Na segunda-feira, a Fitch Ratings disse que estima que a Globo não apresentará alavancagem líquida a médio prazo. A agência classifica a empresa em BBB+, em linha com a nota da Moody’s.
“Os números deles, hoje, estão muito equilibrados”, disse Carlos Gribel, chefe de renda fixa da Andbanc Brokerage LLC. “Com a recessão, as pessoas ficam em casa e assistem mais TV. E com tantos eventos no Brasil -- Copa do Mundo, Olimpíadas, eleições --, eles conseguiram manter bons resultados”.
Fonte: Revista Exame

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