terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Contraste entre progresso e miséria


O jornal Diário do Nordeste que circula hoje, traz em seu editorial uma triste realidade cearense. Embora o progresso que nos apresenta como estado em franco crescimento, ainda temos que conviver com situação de miséria absoluta. Quando teremos igualdade social? Leia o texto:


Foto do blog Batata Sem Umbigo.
O Ceará tem apresentado elevados índices de crescimento econômico, diversificado sua pauta para o mercado externo, ampliado o parque industrial e a cadeia de prestação de serviços. A pesquisa científica, produzida no meio acadêmico, vem granjeando posição relevante nos centros de inovação tecnológica.

Paralelamente, contrastando com esses avanços, há quadros residuais de misérias resistentes à ação do progresso e das conquistas sociais, como o ganho de 12 anos na expectativa de vida. O que pode parecer absurdo, na prática, persiste entre as comunidades em que predominam a falta de renda, a casa de taipa, a carência de serviços básicos de água tratada e de esgotamento sanitário.


Patologias típicas dos ambientes sem as mínimas condições de higiene, há muito erradicadas pela Saúde Pública nos grandes centros, prevalecem no Ceará como esquistossomose, doença de Chagas, tuberculose, hanseníase e leishmaniose. O quadro denota, em parte, o predomínio da produção agrícola conservadora, a ineficácia do Programa Saúde da Família e o atraso nas condições sociais.


As últimas informações do boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do Estado trazem resumo da resistência desses males, tanto na Capital como no Interior. Na infestação da tuberculose, por exemplo, somente 19 Municípios não fizeram notificação da doença. Isso significa a sua propagação por, pelo menos, 165 comunidades interioranas.


Imaginava-se a tuberculose como totalmente erradicada do nosso meio, fato também esperado para a hanseníase. Entretanto, as estatísticas sanitárias dão conta da notificação, em 2012, de 2.003 novos casos no Ceará de lepra, alcançando coeficiente de 23,7 por 100 mil habitantes, taxa elevada para os padrões de controle do Ministério da Saúde.


A esquistossomose vem sendo controlada, de forma rotineira, nas regiões do Cariri, do Maciço de Baturité e na Serra da Ibiapaba. O Estado patrocina, a cada ano, a realização de 45 mil exames de fezes dos contingentes populacionais de 23 Municípios, estando a doença contida, diante de sua prevalência em 2%.


O tracoma ocorre em todas as localidades do Estado. Sua disseminação está associada à escassez d´água e à presença de insetos vetores, como a mosca doméstica. Um projeto-piloto, financiado pelo Ministério da Saúde, pretende aplicar R$ 386 mil na prevenção da doença, em 13 Municípios, mediante o controle ecológico de seus vetores.


A enfermidade mais preocupante nesse elenco de males gerados pelas condições de miséria em que vive parte da população é a leishmaniose visceral. No decorrer de 2012, 19 pessoas morreram em decorrência do contágio com o calazar. Nos últimos dez anos, a maior incidência dessa doença ocorreu em 2010, com o registro de 265 casos e 11 óbitos. Em 2011, foram 241 pessoas infectadas pela doença, com 6 óbitos. Em 2012, as infestações alcançaram 148 pacientes.


Por conta da proliferação do calazar, com baixas elevadas no ano passado, o Centro de Controle de Zoonoses de Fortaleza sacrificou 2.464 cães, embora essa não seja a melhor forma de combater a enfermidade. Recentemente, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região autorizou o uso de medicamentos humanos no tratamento da leishmaniose em todo o País, suspendendo proibição estabelecida pelo Ministério da Agricultura, em 2008.


A manutenção de cães nos lares exige controle rigoroso de seu padrão sanitário. Do contrário, ele será foco permanente de enfermidades oportunistas, entre elas, o irreversível calazar.

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