A cada quase 15 segundos, no Brasil, ocorre uma tentativa de
utilização da identidade de terceiros para obtenção de benefícios,
principalmente, financeiros. Os dados são da Serasa Experian e se referem a
2012. Foram 2,14 milhões de tentativas de golpes ano passado.
Bastam uns minutos, segundos de displicência. Alguém telefona
ou envia e-mail, mensagem por celular e pede confirmação de dados particulares.
Dizeres convincentes, layout perfeito, empresa conhecida. Um clique de retorno
e pronto! Está aplicado o golpe. O estelionatário trabalha no “atacado” e tem
muitos dados para tentar lograr êxito. De dezenas, centenas de contatos
realizados, é suficiente que um ou dois confirmem informações particulares.
O titular da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF),
Jaime de Paula Pessoa, analisa que “o limite da fraude é o limite da
criatividade do ser humano.” Por isso, não há quem não esteja sujeito a ter a
fatura do cartão de crédito desviada para obtenção de dados; um empréstimo com
desconto em folha não autorizado; uma senha “chupada”; uma transferência
irregular.
A Defensoria Pública do Ceará, que fornece serviços de
assessoria jurídica gratuita à população, atuou em 441 casos envolvendo
situações nas quais o cliente de banco se sentiu lesado. É mais de um caso por
dia em média. A maioria deles, referente a empréstimos consignados - aquele com
desconto direto em folha de pagamento, sob a responsabilidade do órgão público
ou empresa empregadora cobrar.
Aposentadoria
Rita de Oliveira, 63, foi uma vítima do crédito consignado.
Ao tentar sacar sua aposentadoria percebeu que estava incompleta. Com o extrato
em mãos, viu que havia sido descontado um valor referente a um empréstimo
consignado o qual ela não havia solicitado. Era no valor de R$ 10 mil, chegando
a R$ 15 mil, com o acréscimo de juros.
Com alguns dados de Rita em mãos, um estelionatário
falsificou grosseiramente a assinatura numa carteira de identidade falsa e
apresentou um endereço que não existe: “Rua Paraíso, no Bairro José Walter”. A
vítima ressalta que, um mínimo de checagem revelaria que no Bairro José Walter,
as ruas não tem nomes, só números.
Passado dois anos do ocorrido, as três parcelas que chegaram
a ser descontadas da conta da aposentada foram devolvidas, mas a vitima entrou
com uma ação de danos morais na Justiça e aguarda o prosseguimento do caso.
O defensor público do Núcleo do Consumidor em Fortaleza,
Francisco Bionor do Nascimento Júnior, comenta que abertura de conta irregular
e realização de empréstimos consignados em contas já existentes são as queixas
frequentes no órgão, chegando a ser resolvido, às vezes, sem necessitar de
maior intervenção judicial.
“Quando há uma fraude comprovada, os bancos devolvem o
dinheiro em dobro e pagam danos morais. Os valores ficam a critério dos juízes,
a gente pede até R$ 5 mil, a depender do caso”, explica Bionor. Dos casos que
chegam à Defensoria, a maioria é de negligência por parte do funcionário do
banco, que é não criterioso ao checar a identidade dos supostos clientes.
Poucos são os casos de má fé.
Enquanto esse texto foi lido, foram realizadas dezenas de
tentativas de golpes no País.
Fonte: jornal O Povo
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