Os resultados nos exames se tornaram o grande foco das escolas e dos alunos de hoje. Estimulamos as crianças e adolescentes a estudar para obter boas notas, comparando-os sempre aos demais, e valorizando características como inteligência e talento. Para muitos, este é o único caminho para garantir que estes jovens ingressem em universidades de qualidade, se formem bons profissionais e tenham um futuro brilhante. Mas será mesmo que os estamos ajudando a atingir suas melhores possibilidades?
Carol Dweck, pesquisadora da Universidade de Stanford, acredita que a forma como vemos a inteligência influencia nossa performance. Em seus estudos, ela concluiu que alunos que viam a inteligência como algo fixo tinham uma tendência a apresentar uma queda de rendimento ao se depararem com desafios e se verem diante da possibilidade de fracassar.
Aqueles que viam a inteligência como algo possível de se desenvolver, no entanto, apresentavam melhor capacidade de enfrentar os desafios e de continuar aprendendo. Assim, ela enfatiza a importância de valorizarmos o processo, o esforço e a persistência, mais que a capacidade de oferecer as respostas corretas, pois desta forma estamos assegurando às crianças e adolescentes a oportunidade de se tornarem adultos curiosos e abertos a desafios, dispostos a buscar soluções criativas diante de qualquer dificuldade.
Quando acreditamos que já sabemos tudo, que somos detentores de todo o conhecimento necessário, um desafio novo pode representar uma frustração maior do que somos capazes de viver. Quando ensinamos a uma criança que é importante que esta sempre saiba das respostas corretas, que seja capaz de tirar a melhor nota, estamos lhe impondo um temor do desconhecido, do novo aprendizado, da tentativa incerta, da possibilidade de crescer com cada experiência. Estamos lhe privando da possibilidade de usar a própria vida como um laboratório, e lhe tirando a coragem de criar a partir das experiências.
No IBLF, instituição de ensino que educa através da música e do karatê, buscamos desenvolver atividades em que os alunos tenham que ir além do conhecimento que lhes é transmitido. A improvisação e a composição de músicas, por exemplo, por mais simples que sejam, incentivam os alunos a se arriscarem por um universo cheio de possibilidades.
Nossa sociedade tem a difícil missão de preparar os jovens para um mundo que transborda desigualdades e injustiças. Temos a missão ainda mais importante de prepará-los para serem capazes de mudar esta realidade, a começar por suas próprias vidas. Somente pessoas que acreditam ser capazes de realizar mudanças, e que buscam ser criativos mesmo nas tarefas mais triviais, poderão de fato fazer diferença.
Bia Fiuza - diretora de projetos do Instituto Beatriz e Lauro Fiuza
Bia Fiuza - diretora de projetos do Instituto Beatriz e Lauro Fiuza
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