
Embora o principal público dessas redes ainda sejam revendedores, como comerciantes, proprietários de bares e restaurantes, sempre foi possível encontrar donas de casa e pais de família nesses estabelecimentos. Porém, nos últimos meses, o perfil dos clientes vem ficando cada vez mais misto. Na Capital cearense, por exemplo, o número de consumidores que migraram do varejo para o atacado, há pouco tempo, é significativo.
Conforme analisa o presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Allisson Martins, essa é uma tendência que deverá ganhar ainda mais força no País e perdurar durante este ano, com a expectativa de a inflação superar o teto da meta (6,5%) estabelecida pelo governo federal.
"Pelas projeções do mercado, a inflação de 2015 deve ficar em torno de 8%. Isso de um modo geral. Se formos levar a alta dos preços para o setor de alimentos e bebidas, o índice pode ser ainda maior", afirma o economista. Para ele, a melhor forma para o consumidor minimizar os impactos no bolso é optar por compras em grande quantidade.
"Essa estratégia, aliada à tradicional pesquisa de preços, é o melhor caminho para amenizar os efeitos da inflação no orçamento", complementa.
Tipos de produtos
Devido à alta nos preços de diversos produtos, Alisson lembra que as compras em maior volume é ideal para produtos pouco ou não perecíveis e mais vantajoso para grandes famílias. Quem mora sozinho ou com poucas pessoas deve comprar somente aquilo de que precisa. Por isso, é importante comparar os preços do atacado e do varejo e analisar se compensa adquirir mais itens. "O certo é que, no geral, o fluxo nas redes atacadistas vem crescendo diante da atual situação econômica do Brasil", aponta.
Em Fortaleza, é possível notar esse comportamento em supermercados como Assaí, Atacadão e Makro, que vendem por atacado e varejo, os chamados "atacarejos". Gerentes que conversaram com a reportagem confirmam esse tendência e informam que, além do público revendedor, a quantidade de clientes que fazem compras para consumo próprio vem crescendo. Geralmente, donas de casa e pais de família procuram os supermercados na primeira semana de cada mês. O fluxo é mais intenso das 8h ao meio-dia e das 17h às 20h.
Escolha certa
A técnica em enfermagem Rvka Regina Borges de França, por exemplo, passou a consumir em supermercados atacadistas e diz que fez a escolha certa. Isso porque, além de fazer compras em grande volume, também tem a opção de levar produtos em quantidade menor.
"Eu costumava gastar cerca de R$ 1.200 por mês num supermercado comum, mas as compras só duravam 20 dias. Agora, gasto o mesmo valor e os produtos rendem o mês inteiro. Sem dúvida, os preços são mais em conta e dá para consumir mais", destaca, apontando para o carrinho, que tinha diversas unidades de bebidas (leite, achocolatado, suco), enlatados, papel higiênico e produtos de limpeza. "Tem produtos, como os cereais, que levo em menores quantidades", conta.
A pedagoga Maria Amélia Sousa Alencar também comemora a economia proporcionada pelas compras no atacado. Antes, a consumidora costumava ir, no mínimo, cinco vezes a um supermercado varejista a cada mês, frequência que passou a ser de apenas três vezes depois que migrou para o atacado. "No meu caso, além do maior rendimento, consigo uma economia média de R$ 500. Gastava em torno de R$ 2.500 por mês. Consigo comprar agora com R$ 2 mil", comemora a pedagoga.
Expansão do setor
A reportagem tentou ouvir as redes Assaí, Atacadão e Makro para repercutir o assunto. Até o fechamento desta edição, apenas o Assaí respondeu às perguntas enviadas. Por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa informou que 2015 é um ano em que a tradicional busca por preço baixo deve ficar mais forte no mercado brasileiro.
A rede destaca o crescimento do setor atacadista de autosserviço no País, inclusive em capitais como Fortaleza. "O segmento de cash&carry é uma alternativa para as pessoas que preferem fazer compras mensais maiores. O consumidor encontra uma forma de economizar, sem deixar de adquirir produtos de qualidade", diz o Assaí, por meio de sua assessoria de imprensa.
Enquete
Troca tem se mostrado vantajosa
"Compro no atacado há quatro anos e economizo. Recomendo para quem quer aliviar o peso no bolso. Estou levando esse detergente por R$ 0,89 a unidade. Em outro supermercado, custava R$ 1,30"
José Amilton Sousa Barros
Portuário
Portuário
"Tive de sair do varejo para o atacado neste mês por conta da inflação. Está sendo mais vantajoso comprar alguns produtos em maiores volumes. A diferença entre os preços é muito clara"
Clerton Linhares Gomes
Professor universitário
Professor universitário
Raone Saraiva
Repórter
Repórter
Fonte: Diário do Nordeste
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