Com alta de 3,07% na quantidade de inadimplentes no quadrimestre, o Nordeste ganhou 60 mil novos devedores entre março e abril. Só no mês passado, a região concentrava o segundo maior número de consumidores inadimplentes registrados em serviços de proteção ao crédito - em números absolutos, foram 14,8 milhões de pessoas com, pelo menos, uma conta com a quitação pendente, ou seja, 38,3% da população. Os dados são do Indicador Regional de Inadimplência, calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), e divulgado ontem.
Em relação à representatividade do número de devedores, na comparação com o total da população de cada região, a tendência observada se altera entre as regiões O primeiro lugar ficou com o Sudeste, que registrou 21,8 milhões de devedores – o que equivale a 34,4% da população. O Sul aparece em terceiro lugar, com 7,5 milhões de pessoas com contas em atraso (34,7% da população), seguido pelas regiões Norte e Centro-Oeste, com números relativamente próximos. O Norte, apesar de apresentar o segundo menor número absoluto de inadimplentes, é a região que apresenta a maior parcela de sua população com contas em atraso: 45,2% do total de moradores, seguido pelo Centro-Oeste, com 40,9% de sua população.
Comportamento
Dentre as cinco regiões brasileiras, o Centro-Oeste apresentou, nos quatro primeiros meses deste ano, o maior crescimento na quantidade de consumidores com dívidas em atraso no País. O aumento foi de 3,98%, número acima da média nacional de 3,39%. Somente no mês de abril, aproximadamente 95 mil novos consumidores passaram a integrar o banco de inadimplentes na região.
Na outra ponta, no acumulado do quadrimestre, a região Sudeste registrou a menor alta na quantidade de pessoas inadimplentes: 2,66%. Nessa mesma base de comparação, o Nordeste (3,07%) apareceu em terceiro lugar, atrás da Região Sul (3,19%) e à frente da Região Norte (2,81%).
Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o crescimento da quantidade de pessoas negativadas observado de forma generalizada em todas as regiões do País reflete o difícil cenário macroeconômico atual. “A pressão exercida pela aceleração da inflação, o aumento das taxas de juros e a piora dos indicadores econômicos, sobretudo os de renda e emprego, têm impactado na capacidade de pagamento dos brasileiros”, justifica a economista.
Proporções
Considerando apenas o mês de abril último, o Sudeste mostrou o maior saldo líquido de novos consumidores inadimplentes. Foram 325 mil novos consumidores residentes na região que tiveram o seu CPF negativado em decorrência de atrasos no pagamento de contas, o que representa mais da metade do saldo líquido mostrado para o Brasil como um todo no mesmo período. Em seguida, aparece o Centro-Oeste, com 95 mil novos negativados, seguido pelo Norte e Nordeste, ambos com 60 mil novos devedores e, por último, o Sul, apresentando 55 mil novos consumidores registrados em serviços de proteção ao crédito.
Ainda em abril, cada inadimplente do Brasil tinha em média 2,116 dívidas em atraso. Quando comparamos as regiões, o Sul segue como a região onde cada devedor possui mais pendências (2,376), enquanto que no Nordeste cada inadimplente possui menos dívidas, em média (2,019) – apesar de o número médio de dívidas por devedor ter crescido pelo quarto mês consecutivo nessa região, uma vez que, em março, o número era de 1,984. Segundo o SPC destacou, em nota, “a leve alta reflete o aumento mais expressivo do número de dívidas em relação ao número de devedores”.
Bancos lideram
Segundo o indicador do SPC Brasil, entre janeiro e abril, as dívidas com os bancos, que incluem pendências no cartão de crédito, empréstimos, financiamentos e seguros lideraram o crescimento no número de dívidas em quatro das cinco regiões brasileiras: Sul (10,25%), Nordeste (10,15%), Norte (10,11%) e Sudeste (9,35%). No Brasil, como um todo, as dívidas com os bancos representam quase a metade das pendências financeiras: 48,43%, de acordo com o indicador.
No Nordeste, entre os setores da economia, a comunicação se destaca com o crescimento do número de dívidas de 19,86% - a maior alta anual do indicador pelo 9º mês consecutivo na região. A segunda maior alta adveio do setor de bancos (7,78%), seguido por água e luz (5,73%). Já o comércio e o segmento outros mostraram retração da quantidade de dívidas no período. No entanto, em termos de participação, o segmento de bancos segue concentrando a maior parte das pendências, representando 42,57% do total. A segunda maior participação fica por conta do comércio (21,97%).
O indicador de inadimplência regional do consumidor sumariza todas as informações disponíveis nas bases de dados do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito). A abrangência é nacional, com informações de capitais e interior de todos os 26 estados brasileiros, além do Distrito Federal.
Fonte: O Estado
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