Os resultados da pesquisa indicam que, muitas vezes, quem
empresta o nome acaba arcando com o prejuízo, tendo que pagar uma dívida que
não é dele. E aponta os possíveis graves desdobramentos: inadimplência,
restrição ou impedimento ao consumo e novos débitos adquiridos para pagar pelos
que originaram a inadimplência, entre outras.
A economista chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, diz que a
confiança das pessoas que emprestam é tanta que 61%, segundo o levantamento
realizado em todas as capitais brasileiras, nem sabem o valor da dívida.
Concorda que a atitude é como a de quem dá um tiro no escuro e acerta o próprio
pé. “Tem outras formas de ajudar que não seja entregar o cartão de crédito, a
senha do banco”, comenta, ressaltando que a hora é de atuar preventivamente e
“não emprestar o nome nem para a própria mãe”.
Kawauti avalia que emprestar o nome para amigos ou
conhecidos é uma atitude solidária, mas pode estragar planos importantes a
médio e longo prazo, como comprar uma casa, um carro, investir na educação e
saúde, etc. “O consumidor, portanto, deve refletir se está mesmo preparado para
assumir esse compromisso, antevendo as consequências, caso o responsável pela
dívida não consiga cumprir sua parte”.
O diretor de Marketing, Inovação e Sustentabilidade da Boa
Vista SCPC, Fernando Cosenza, concorda. “Só existe uma dica: nunca emprestar o
nome”, afirma, considerando que as pessoas podem e devem ajudar parentes e
amigos, mas com o que puderem. Observa que é preciso levar em conta que o
indivíduo pede porque já tem restrição e já está com dificuldades. “Não
empreste o nome. Empreste o dinheiro se puder”.
A prática de emprestar o nome, sem que o favorecido cumpra a
promessa de honrar o pagamento é apontada como a terceira maior causa da
inclusão do Cadastro de Pessoa Física (CPF) nas listas negras, conforme
pesquisas sobre inadimplência da Boa Vista Serviços e Serasa Experian, empresas
gestoras de cadastro de proteção ao crédito.
Cocenza pondera que as outras causas citadas (desemprego e
descontrole financeiro) são preponderantes. “Apesar das dificuldades, do
aumento do desemprego, a inadimplência não disparou e as pessoas estão
preocupadas em manter o nome limpo”, afirma.
NÚMEROS
54 milhões de inadimplentes no País. É o que o estudo revela
Resultado
Considerando apenas os ex-inadimplentes, quem paga pelo
menos parte da conta é a pessoa que emprestou o nome (89%)
Para quitar esta dívida que foi feita por terceiros, os
entrevistados disseram que precisam economizar e cortar gastos (67%) e usar
pelo menos parte das reservas financeiras (37%)
O valor da dívida feita por terceiros é em média de R$ 2.168
93% dos entrevistados foram cobrados pelas empresas
76% dos entrevistados que não quitaram a dívida após a
cobrança procuraram ou foram procurados pelo credor para fazer uma negociação
da dívida
PERFIL DE QUEM EMPRESTA O NOME
A maioria é mulher (67%)
Idade de 18 a 34 anos (39%)
Pertencem às classes C/D/E.
Cartões de crédito e cartões de lojas são os meios de
pagamento mais emprestados para terceiros que levaram à inadimplência.
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